“Estupro culposo”?

O corpo é violentado, e também a alma e a dignidade. E, mais uma vez, todas as mulheres são violentadas em seus direitos. Depois da imensurável dor causada a esta vida, um juiz cria um argumento para amenizar a gravidade do inamenizável. “Estupro culposo” seria algo como “quando não há intenção de estuprar”.

É assim que se perpetua e se fortalece o machismo estrutural, a cultura do estupro. É assim que se normaliza o ato de um homem que ejacula em uma mulher dentro do ônibus, ou o ato de um homem que toca em uma mulher que passa na rua, e é assim que o assédio sexual no ambiente de trabalho fica oculto entre as paredes de um escritório.

E se fosse a filha do juiz?

Quanto retrocesso e desumanidade! Não somente com relação à decisão judicial! A audiência representou lugar de mais humilhação para a vítima.

Ainda que o criminoso fosse condenado, nunca se apagaria a dor da mulher vitimada. Ela sofre de depressão. Sua história tem mancha de sangue. Agora, com essa sentença repugnante, apaga-se a responsabilidade do agressor. Trata-se de uma maneira de calar outras mulheres, todas as mulheres e outros crimes.

Dizem que todos nós conhecemos uma mulher que já foi estuprada, ainda que não saibamos. Olhando para o lado, imagine. Pode ter acontecido com uma vizinha, uma amiga, colega de trabalho ou alguém da sua família. Dói em seu coração? Dói no meu. Eu sinto tanto.




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