Pandemia: o desejo de uma vida-meio

Era um dia comum na escola. Acho que eu tinha oito anos. A professora pediu uma redação sobre como imaginávamos o ano de 2020. Fiz meu texto com imagens repletas de muita tecnologia, como se vivêssemos algo bem similar à era dos Jetsons.

Quem iria prever, a qualquer tempo, a realidade que experienciamos em 2020? A tecnologia, de fato, tem cumprido o seu papel. Em plena pandemia, nos mantém conectados, de ponta a ponta desse mundo enorme, atualmente tão cheio de restrições, tanto, tanto, que ficou pequeno, do tamanho da nossa casa.

Em 2020, já escrevi inúmeras vezes sobre essa surreal história que vivemos, muito mais fora do normal do que a rotina-jetson que  imaginei lá atrás. E, ao escrever, tenho pensado de maneiras diferentes. Tive (e tenho) as minhas fases, como todos nessa quarentena pandêmica. 

Já pensei que todos seríamos melhores, uns com os outros, depois do confinamento. Parecia que a empatia, a solidariedade, e a união somavam forças poderosas que nos transformariam, de verdade, pelo bem comum. 




Nesse momento, penso que já estamos acostumados com o caos que se instalou. No final, chego à conclusão de que o que a maioria quer é o fim dessa loucura, para sair por aí, se sentir livre. E só. 

Para mim, nesta segunda, toda aquela transformação, em termos de amor ao próximo, foi uma ilusão recém - pós - apocalíptica, se é que dá para me entender. Aliás, o que é possível entender nessa desordem-organizada?

O que vejo é muita gente já aborrecida de ficar em casa, que  nem está pensando na coletividade, que está vivendo agora uma vida que não é para agora.

Não queria estar como os Jetsons. Não queria estar como estamos. O sonho é ter, simplesmente, uma vida normal. Uma vida-meio, digo, entre esses extremos anti-naturais. Tô à espera de preencher essa lacuna. Enquanto isso, vou curtindo um verão-de-varanda, que tá bom, enfim. 


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