Varandas. Por que tê-las?

Há cerca de um mês assisti uma reportagem sobre a valorização das varandas em apartamentos. A matéria mostrava que os empreendedores do mercado imobiliário vêm entendendo cada vez mais a importância desse equipamento na vida urbana. Tenho uma teoria sobre essa importância. É fato: estamos trancados, custodiados em nossas próprias casas, com medo da violência e de todos os traumas que ela acarreta. A varanda representa, nesse contexto, uma chance de liberdade, contraditoriamente cercada, cercada de uma suposta “segurança”.

Juntamente com essa “varanda” vem um pouco de ar livre, do canto dos pássaros, do azul do céu sem o filtro dos vidros fumê, além da inspiração para uma existência cheia de frugalidade. Assim, a rede não é mais o objeto de descanso sobressalente, é fundamental, é salutar. E olhar a lua do alto pode ser um ato inerente aos pouquíssimos intervalos ociosos de um dia inteiro.

A varanda torna-se o quintal citadino. O ponto de encontro dos amigos. E o “jantar fora” também, muitas vezes, significa colocar os pratos na mesa desse espaço. A varanda passa a ser o sonho edilício das crianças de playgroud, dos recém-casados apaixonados e dos aposentados que não arriscam o seu andar vagaroso nas esquinas perigosas dos pivetes.

A varanda não se configura mais como um mero anexo, habitado por caxipôs dos mais variados tamanhos. Se, hoje, pode funcionar como um dos elementos propulsores da venda de novos apartamentos, por todos os benefícios que é capaz oferecer – voluptuosos, de simples deleite ou entretenimento e demais fins - certamente lhe caberá a função mais terna: a de ambiente de paz.

Embora suspensa sobre as buzinas e a confusão de gente...




Ingrid Dragone

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