Revista Bahia Chef
Faço parte da equipe de reportagem e posso dizer, embora seja suspeita, que o trabalho está muito bonito: conceito e projeto gráfico.
Confiram a entrevista que eu fiz para essa primeira edição.
“Cozinhar é como fazer música”
Luiz Caldas é natural de Feira de Santana, Bahia. Teve os primeiros contatos com instrumentos musicais na infância. Cresceu assim, acompanhado da música, tornando-se conhecedor de muitos ritmos e hábil tocador, principalmente de violão. Baseado em toda essa experiência, criou um estilo musical e coreografias. Fez sucesso
Por Ingrid Dragone
Revista Chefe - Desde quando você é naturalista?
Luiz Caldas - Há três anos. Depois do swásthya yoga passei a ter mais calma, mais paciência, equilíbrio. Foi uma mudança geral. Hoje, eu durmo e levanto sabendo que nenhum animal precisou morrer para que eu me alimentasse. E eu me alimento bem.
RC - Por que você resolveu ser naturalista?
LC - Parei de comer carne, primeiro, pelos ásanas (posições do yoga). Cada uma requer força e equilíbrio e sentia, pelo menos psicologicamente, que a minha alimentação não fazia bem para isso. O segundo motivo veio da conscientização sobre a morte dos animais. O homem não nasceu para ser carnívoro. Isso é uma cultura colocada. Se você não consegue caçar, não tem dentes e nem garras, para conseguir determinado alimento é porque ele não é a sua comida. Se você der uma fruta e uma carne para uma criança, ela escolhe comer a fruta. Vi documentários sobre os maus tratos a animais, o que também pesou bastante na minha decisão.
RC - Parar de comer carne foi difícil?
LC - No começo, tentando purificar meu organismo, comia legumes e carne branca. Depois pensei: carne branca é carne. Parei sem neura. A carne, em si, não tem gosto. Os temperos dão o gosto. O cheiro da carne já não me atrai
RC - Quais mudanças você notou em seu corpo, em sua vida, tornando-se naturalista?
LC - As primeiras mudanças ocorreram na concentração e no estado de leveza corporal. Quando você come menos, vive mais e melhor. Antes, nos shows, sentia como se estivesse carregando outra pessoa. Agora, cantar e tocar é tranqüilo. Além de mudar a alimentação, com os exercícios de respiração já corro
RC - Existe uma alimentação especial para os dias de show?
LC - Tomo um pouco de água gelada antes e cerveja sem álcool depois. Como frutas, saladas, um sanduíche preparado em casa, um suco, um queijo branco. Tem gente que quer mudar os hábitos alimentares e procura coisas difíceis para se adaptar. Eu não. Só não como carne. Ainda consumo ovo e leite, mas vou parar.
RC - Você tem um programa de alimentação?
LC – Tomo água quando acordo. Logo depois, um suco. O sono me alimenta legal e não tenho horário para comer. Como quando tenho fome. A fome está ligada ao cérebro. A comida é remédio. Ela te cura ou te mata. Você não precisa ficar cheio. Esse é um falso prazer que a mente nos dá.
RC – Você diz que a comida é remédio...
LC – Chamamos de veneno o que nos mata rapidamente. E de alimento o que nos mata a longo prazo. Com uma alimentação saudável, bem balanceada, você já está cumprindo o papel dos médicos. Só precisa ter um clínico geral para dizer se está tudo normal. Hambúrguer, por exemplo, é resto de gado, com o que as indústrias criam uma carne. O processo é feio e no final você vê a comida naquela embalagem bonita.
RC - Você prepara seus próprios alimentos?
LC - Adoro cozinhar. Minha preocupação também é com o visual do prato. Você começa a comer pelos olhos. Sou vidrado em comida colorida. E gosto de experimentar, da mistura. A maior parte das experiências dá certo, e todas são comestíveis. Na época das vacas magras eu criava farofas interessantes. Cozinhar é como fazer música. Tem o cara que sabe dois acordes e faz músicas belíssimas. E tem aquele que faz conhecendo profundamente.
RC - A música é um grande prazer na sua vida. A comida também é?
LC - Não trato alimento como algo especial. O alimento é como a música. É uma questão de harmonia. Tenho prazer em comer, mas não é um prazer orgástico. Como chocolate, salgadinho, tudo. Minha restrição é com carne, drogas e álcool.
RC - Você tem preferência por alguma culinária?
LC - A cozinha indiana é interessante porque não tem muita carne. Conheci muitos pratos nos livros. Pelos ingredientes você vê se é receita é boa. Você também pode colocar ou tirar um ingrediente e mudar o sabor. Eu diminuo o sal ao máximo. Quando comecei a praticar yoga comecei a ler sobre alimentos. Muitos dizem que não é bom misturar, por exemplo, alho com cebola, e nem tomar líquidos enquanto se come.
RC – Recentemente você foi convidado por uma pizzaria conhecida de Salvador para criar uma pizza que levaria o seu nome no cardápio. Como foi a experiência?
LC – Antes eu pensei e fiz uma
RC – Para acompanhar uma pizza ou qualquer outro prato, qual a melhor música?
LC – A tranqüila, de elevador. Música baixa, pano de fundo, para que você possa conversar. Todo tipo de música é boa. Depende do momento. Claro que há a preferência, o que não quer dizer que uma é melhor que a outra. Existe o olhar do bom gosto e o olhar acadêmico. Há músicas simples com melodias lindas. Há músicas que são como uma mansão em cima de palafitas.
Comentários
Tô sempre lendo....as vezes deixo comentario, as vezes n......mas pode deixar que ando lendo seus textos apaixonates e interessantes....
bjss
Luiz
Que bom que vc faz parte da equipe da Revista Chef. Estou ansiosa para ver, pedi a Fabio pra guardar um exemplar pra mim. Soube que voou... Muito Bom, PARABéNS.
Bjos de sua colega,
Vania Silva.