As Latas
- Não havia mais nada! Só agora se deu conta? – perguntou Nailin.
E continuou a receber a reclamação. Afinal, na casa, só moravam duas.
- Como assim? Encomendei uma dúzia delas! Não faz um mês! – esbravejou Falandra.
Nailin já perdia a paciência. Sentada com os braços cruzados, respirou fundo, deu com os olhos para cima, enquanto ainda ouvia.
- Além das latas, o que mais você jogou fora, hein?
- Nada, Falandra, nada...
- Onde está o calendário?
- Você deu ao mago.
- E o meu caldeirão de estimação?
- Estourou no seu último feitiço.
- Está variando? Quebrei o meu caldeirão?
- Foi sim. E também se desfez da capa roxa, da varinha vinda da Terra de Naz, e deu os cinco primeiros volumes da coleção de bruxaria para iniciantes.
- Como pode mentir dessa maneira?
Nailin levantou-se enérgica. Saiu batendo a porta. E Falandra enchia as paredes com suas queixas.
No jardim, pensativa, Nailin encontrou um dos seus vizinhos.
- O que houve?
- É a Falandra... Está procurando um monte de coisas, e não acha, e reclama. Coitada! – disse balançando a cabeça, lamentando imensamente. Depois dos seus estudos na Terra de Naz... Ficaram seqüelas. Agora está aí, desesperada, procurando pelos seus pertences, principalmente pelas latas.
- Por quais latas?
- Aquelas que você me aconselhou a comprar para ela, as de memória em conserva.
Comentários
Gostei dos nomes das meninas.
Bjs!